O jogo do fingir

As mãos agitam-se Em cima da mesa, um pano verde. Há sensações distintas a perder de vista E cartas nunca lançadas À espera do momento perfeito Em que um jogo se vence. Enquanto me divertes com palavras Os olhos revolvem o espaço à procura de nada. Do tempo a que pertenci Os gestos reais... irreais... De um castelo erguido Sobre o frágil areal da noite Em que a lucidez era companheira..! Mas, agora, deixei-me levar pela cegueira E nego o que antes afirmara. Minto para esquecer uma verdade Que um olhar brilhante Nem sempre é real E olhos com luz Podem mentir. Fecho os olhos! Uma paisagem diferente Impede-me de relembrar Impede-me de expulsar Esta dor que perdura De falar-te do que vi De supor o que ficou por ver De pensar De sentir o queimado do que me feriu Tanto que ficou suspenso no ar Num jogo em que fiquei rapidamente sem cartas para jogar Sem soluções Nem estratégias... E encontrei o fim Nas teclas da loucura E o medo Que ficou Não me deixa um só dia A solidão que ficou Tudo ...