Pintura de Duy Huynh - Songbird Sabbatical |
I
Porque estás dentro do meu pensamento
Mesmo quando eu não estou aqui?
Porque és sempre esse gesto e essa cor... tão forte... intensa...
Ainda que feche os olhos e nada vislumbre além do escuro dentro de mim?
Qual é a direção do teu sorriso quando este se incendeia?
Que eu ainda não descobri...!
Por vezes, és como um navio a navegar em maré cheia
E tens velas emproadas... e a direção é a do vento que passa...
Não há bússola que te sirva
Nem carta de marear que me previna
E eu nunca sei o que esperar
Dessa viagem à bolina...
És por vezes a cor da melodia
Que acontece entre o beijo e o abraço
Incolor, à margem da fantasia
És a vertigem no instante sem espaço
É que não consigo não pensar-te
E o silêncio é o esboço de um retrato que transcende o papel
É o expoente da poesia levada ao abstracto
O pensamento cá dentro
É o clímax de todas as metáforas que faço
É que o pensamento está dentro de mim
E tal como a água dentro do rio
Tu és parte desse pensamento... no pensar que acontece aqui.
E se acaso, o pensamento, por razão insólita, fosse alheio ao que sou agora
Ainda assim, tu serias a essência, a substância oculta que persistiria
A tudo o que findasse em mim.
Pedro Barão de Campos.
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