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A mostrar mensagens de 2012

Direção...

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Onde está a bússola? Não encontro orientação. Sou um feixe de cores Olvidado da direcção Passa o vento, aqui, o vento Que as oliveiras dançam num sonho Não procuro mais da vida A não ser o futuro Mas, onde está o futuro? Onde é o futuro? Tenho procurado o rumo incerto nas estrelas Mas não o descubro Simetrias estrangeiras Que me sussurram outro sentido São espectros vorazes Que transformam o que não sinto Onde está o sonho? Dentro do meu sono, aqui? Não há sonho não, É só a noite escura Que se apoderou de mim. E no beijo Mel de ilusões Intensifico-me no gesto E aponto para a frente À procura do teu sabor… Será lá o destino? Será lá o amanhã? Olho a bússola mais uma vez A agulha indica-me o que não vi Sou um feixe de cores Sempre em direcção a ti. Pedro Barão de Campos.

Liberta-me de tudo

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Solta-te Liberta-me de tudo E deixa-me vazio... Um recipiente abandonado Numa estrada por onde a guerra já passou Solta-te Deixa-te ir num fluir que já não há Ser talvez o que já não podes ser E acontecer-te nunca e sempre Numa espera que não alcança O que faço aqui, a olhar para ti? Foi sempre assim? Percorri tantas vezes o caminho mais difícil para te encontrar Escondi-me tantas vezes, fugi...! Para quê? Porquê? Talvez, na sombra, entenda melhor o efeito da luz sobre os corpos Talvez, ao relento, com o vento a massajar-me o pensamento Encontre o inevitável fascínio De uma montanha em aguarela colorida E a tua figura como medida Da excitação fulgurante e febril... Do teu sorriso sublime. Mas, porquê? Porquê, gostar assim de ti? Solta-me, pensamento cruel! Liberta-me de tudo! Deixa de existir em mim! Pedro Barão de Campos.

Deslumbre

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Deslumbre Em ti, sublime Afasto-me ao aproximar-te de mim A cada cortina de vento O esboço ondulante do teu cabelo Contornos de tudo E a paisagem do mundo É o que encontro em ti Na boca invento uma janela Nos olhos, a doçura selvagem do teu sentir A pele é a fronteira De um universo inteiro Por descobrir E as mãos Sempre as tuas mãos Divagantes, voadoras, agitando a alegria pelo ar vazio Como asas Como melodia De um som Impossível para mim... Pedro Barão de Campos.

Pedra

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Palavras... gestos... olhares... O que é isto de pensar? O que é isto de sentir? Que coisa é esta que persiste a tudo e não cessa...? Esta doença crónica que é ter sempre pensamentos sobre as coisas... Que é sempre sentir algo... Porquê? Porque não sou apenas como a árvore do bosque? Imóvel, plácida, sublime... viva... Ou talvez, uma pedra Porque não nasci pedra? Hoje, penso que, se fosse uma pedra, seria mais feliz. Estaria tranquilo, seria resistente E como as pedras não estão vivas Nunca teria de me confrontar com dilemas e pensamentos Nunca teria de enfrentar a morte ou a solidão Porque simplesmente as pedras são aquilo que são São pedras, apenas pedras... duras, imóveis, frias... Pedras... só pedras... que não filosofam, nem imaginam, nem supõem! Pedra, é o que eu deveria ser. Pedro Barão de Campos

Inconsequente

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Pintura "eggscapism" de Duy Huynh Fico sem saber o que fazer Completamente desarmado, desprendido, nulo! No horizonte vejo já a tua ausência futura... Como sorrirei sem a expectativa de encontrar os teus olhos no caminho dos meus No início de cada dia? Sinto que tudo é inconsequente... Para quê acordar? Para quê sentir? Para quê interrogar-me assim? Se amanhã, depois de ti, tudo será o sentido de não ter sentido... Deitar e adormecer... Apenas porque estou vivo... Que o sublime já só está em livros e filmes. Por aqui, o estabelecimento encerrou definitivamente, Por insolvência da alma, Hipotecada por conta da solidão. Fui, ontem, a expectativa e a esperança. Hoje sou a folha branca. Por dentro, implodi! Pedro Barão de Campos.

Por dentro do pensamento - III - O Rio

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Pintura de Duy Huynh -  Whatever Floats Your Boat III Estás residente no pensamento E não consigo desalojar-te Impregnas-me de saudade Que a tua alma é agridoce                                                                                                                                                        . Por dentro do pensamento És a fluidez dinâmica de um acontecer s em escapatória Como um barquinho de papel a o sabor da corrente do rio  No seu curso até ao oceano.                                 ...

Por dentro do pensamento - II

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Pintura de Duy Huynh - A Chorus From The Brain Forest II Será que as paredes me escutam? Será que eu próprio consigo escutar o que há do lado de dentro do pensamento? Que endofasia constante é esta que me alucina? É tão simples... Há tanta coisa que me falta encontrar em ti Tantas perguntas Tantas respostas sem perguntas Que o tempo de indagar está no fim... Ainda estou aqui? E os sinais, onde estão? Sou poesia... Sou poeira... Mas porque continuo a pensar em ti? Pedro Barão de Campos.

Por dentro do pensamento - I

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Pintura de Duy Huynh - Songbird Sabbatical  I Porque estás dentro do meu pensamento Mesmo quando eu não estou aqui? Porque és sempre esse gesto e essa cor... tão forte... intensa... Ainda que feche os olhos e nada vislumbre além do escuro dentro de mim? Qual é a direção do teu sorriso quando este se incendeia? Que eu ainda não descobri...! Por vezes, és como um navio a navegar em maré cheia E tens velas emproadas... e a direção é a do vento que passa... Não há bússola que te sirva Nem carta de marear que me previna E eu nunca sei o que esperar Dessa viagem à bolina... És por vezes a cor da melodia Que acontece entre o beijo e o abraço Incolor, à margem da fantasia És a vertigem no instante sem espaço É que não consigo não pensar-te E o silêncio é o esboço de um retrato que transcende o papel É o expoente da poesia levada ao abstracto O pensamento cá dentro É o clímax de todas as metáforas que faço É que o pensamento está dentro de mim E tal ...

O lugar do medo

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Estou aqui Onde a noite se precipita Líquido como um beijo Leve como o vento Sou a sombra que não vês Numa rua que nunca cruzaste. Rodopio, como num turbilhão Desloco-me à velocidade do pensamento Mas o pensamento morreu! E agora... O que ainda faço aqui? Existes tu.. Existo eu... Muitos mais guardam-se ainda Dentro do pensamento que morreu Além, nada mais existe Só uma utopia Só uma ausência Só um silêncio E então? Para quê? Para nada! Um vão ser... Um espaço incolor À procura de um espectro E os olhos, onde estão? Os olhos, esses, redondos, vidrados, num "flow" permanente... Para que lado estão voltados afinal, no momento em que deixas de respirar? Será que olham para as paisagens inventadas em cartolinas recortadas com formas da natureza? Será que se preenchem das visões cinematográficas de quem foram? Serão ainda capazes de olhar? E o lado de dentro? Onde está o céu azul a enfeitar-te do lado de dentro?  Mas... Há qualquer coisa...